O vírus da leucemia felina, também
conhecido como FeLV é um retrovírus e pertence ao gênero Gammaretrovirus. Esse
gênero é composto por vírus endógenos e exógenos.
EPIDEMIOLOGIA
O vírus da FeLV já pode ser encontrado
em vários países e sua ocorrência varia com a localização geográfica. Sua
prevalência é influenciada pela densidade populacional.
Dentre os fatores de risco para a
infecção pelo vírus da leucemia felina, o maior risco está voltado para os
machos. A idade, também é apresentada como um fator de risco. O modo de vida do
animal também vai ter importância, gatos não confinados e com acesso à rua
apresentam grandes chances de serem positivos. Animais que compartilham o ambiente
com outros, como em abrigos, vasilhas e etc. aumentam suas chances de
contraírem a infecção.
Apenas 30% dos animais que tem contato
com o vírus desenvolvem viremia persistente com infecção progressiva. 40% dos
animais infectados desenvolvem anticorpos contra o antígeno p15E. 28% dos
animais desenvolvem infecção regressiva com latência e de 5 a 10% dos animais
desenvolvem infecção atípica.
PATOGENIA
Após a exposição oronasal, se tem a
infecção regressiva, onde o vírus replica-se nas tonsilas e linfonodos
regionais e o animal desenvolve resposta imune contra o vírus, eliminando-o.
Caso o animal não desenvolva imunidade adquirida, o vírus dissemina-se pelos
linfócitos e monócitos, gerando a viremia. Na infecção latente o animal vai
apresentar a viremia e vai ter infecção de células da medula óssea, meses
depois o animal desenvolve resposta imune, que é capaz de eliminar a viremia. A
infecção persistente vai ocorrer nos animais que apresentam sistema imune
incapaz de eliminar a viremia, ocorrendo disseminação do vírus para os tecidos
glanulares e epiteliais, incluindo glândulas salivares e mucosas nasal e
faringeal.
TRANSMISSÃO
O vírus está presente nas secreções dos
animais infectados, como saliva, secreções nasais, e em menor número nas fezes,
urina e leite. Portanto a principal forma de transmissão da FeLV é a
horizontal, através da mordedura e limpeza mútua entre gatos. O
compartilhamento de pratos de comida e caixas de areia também pode ser fonte de
transmissão do vírus.
A transmissão vertical também pode
ocorrer durante a gestação. Mães infectadas podem transmitir o vírus aos seus
filhotes durante a gestação, os filhotes que sobreviverem nascem infectados e
morrem rapidamente.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O vírus da FeLV pode ocorrer em animais
de qualquer idade, mas geralmente é vista nos gatos de 2-4 anos de idade,
podendo provocar diversas doenças, geralmente fatais.
Animais infectados apresentam-se
imunodeprimidos, podendo exibir sintomatologia ou não, e assim ficam expostos a
microrganismos tais como Salmonella spp, Mycoplasma
haemofelis e Cryptococcus spp. Podem ainda apresentar
manifestações clínicas de doenças crônicas, como por exemplo, estomatite.
São vistas ainda anemia, na maioria não
regenerativa, linfomas, mielodisplasia (associada ao surgimento de anemia),
anisocoria, midríase, síndrome de Horner, incontinência, hiperestesia, paresia,
paralisia, vocalização anormal e etc.
DIAGNÓSTICO
Animais doentes, mesmo tendo como
resultado negativo em testes passados, filhotes, gatos recém-adquiridos, gatos
que tenham entrado em contato com algum animal infectado, devem passar por
teste diagnóstico de ano em ano. Os testes para diagnóstico são divididos em
direto (que detectam antígenos ou ácidos nucleicos e o isolamento viral) e
indireto (que detecta os anticorpos).
Para a detecção de antígenos pode ser
utilizado o teste de ELISA, que vai detectar a proteína de capsídeo de 27kDa no
soro ou plasma do animal infectado, que nesse caso vai aparecer em abundância.
O teste de ELISA detecta os animais infectados a partir da quarta semana após a
infecção. O teste da imunofluorêscencia direta (IFA) também pode ser utilizado,
porém a detecção pode sair prejudicada.
O isolamento viral é importante na
detecção do vírus, pois ele é capaz de detectar o vírion. A desvantagem desse
método é que ele requer tempo de cultura prolongado e nem todos os laboratórios
fazem.
TRATAMENTO
Ainda não se tem um tratamento que
elimine o vírus, apenas que melhore as condições de vida do animal infectado e
que evite a progressão da doença.
O isolamento do animal e controle
veterinário a cada seis meses é indicado, devendo ser verificado o peso do
animal, acompanhado de controles laboratoriais, tais como: hemograma, perfil
bioquímico e urinálise. Uma boa alimentação é aconselhável, principalmente em
animais assintomáticos, evitando o desenvolvimento de doenças.
Para tratamento de inflamações crônicas,
como estomatite, é aconselhável o uso de metronidazol. Fármacos como a
griseofulvina não devem ser usados, já que eles possuem a capacidade de
provocar mielossupressão. Para as infecções secundárias, deve ser utilizado
antibióticos, como a doxiciclina. Em casos de anemias é recomendada a
transfusão sanguínea e fluidoterapia.
PROGNÓSTICO
Os animais infectados pelo vírus da
leucemia felina, sem outras doenças, podem apresentar-se normais, sem sinais
clínicos, por meses e até anos.
Animais infectados, com viremia
persistente, apresentam cerca de 2 a 3 anos de esperança de vida, após o
aparecimento das primeiras manifestações clínicas.
Foto: Google Imagens. |
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